11/04/2017

A questão da diversidade na Marvel e a Crise nas Infinitas Vendas

Marvel Generations

Eu prometi a mim mesmo que não ia entrar nesse assunto, já que outros sites, blogs e canais no Youtube abordaram muito bem esse tema, mas acabei não resistindo e dei os meus dois centavos sobre o assunto.

Ao meu ver, a Marvel errou a mão. Na ânsia de lucrar (nada contra, mas tem que saber vender o "peixe" direito), fizeram tudo errado. Jogaram pra escanteio personagens clássicos, trocando-os por novos sem a menor necessidade. Faço uma exceção ao Capitão América "Falcão", pois ele é uma espécie de herdeiro natural do manto de Capitão, mas transformar o Steve Rogers em agente da HIDRA, pelo amor de deus? Frank Cho como Hulk? Agora temos uma fábrica de Hulks, pera lá né? 


Hulk Frank Cho


Some isso ao excesso de reboots e mega sagas e, principalmente, HISTÓRIAS RUINS e pronto, ta aí uma bela fórmula pra dar problema.

Vale ressaltar que essa história de que "quem lê quadrinhos é racista e homofóbico" é furada. É claro que tem gente assim que lê quadrinhos, como tem em qualquer setor da sociedade. É só vermos o Apolo e o Meia-Noite do Authority (DC), que estão sendo publicados há anos, com alguns arcos sendo sucesso de crítica (de público eu já não sei), além da Batwoman, que está vendendo bem, vai até virar série de TV agora. Mas aí a Marvel, ao invés de criar um personagem novo que fosse homossexual, faz o que? Retconiza um personagem com décadas de existência (o Homem de Gelo dos X-men), dizendo que ele sempre foi gay e que era "pegador" só para disfarçar? Ah, tenha santa paciência! 

(Se bem que a DC, há alguns anos atrás, também fez isso com o Lanterna Verde da Sociedade da Justiça, mas não sei que fim isso levou, se influenciou nas vendas. É um título tão inexpressivo que acho que passou batido mesmo). 

Colocar o MODOK com a cara do Trump não é estratégia de inclusão social ou protesto político, é tentativa de ganhar um $ em cima de quem não gosta do cara e, por outro lado, perder o $ e a paciência de quem votou nele e lê quadrinhos. Ou, pior ainda, marketing barato. 

A Marvel ta parecendo um trem desgovernado. Aposto que nem eles sabem onde vão parar.


Modok Trump



07/04/2017

Thor #2 - Sob um mal maior

Thor #2 Panini Capa

Sinopse

"Enquanto uma guerra se alastra por Asgard e os outros nove reinos, Malekith, o Amaldiçoado, dá mais um passo para submeter as terras dos Elfos Luminosos ao seu julgo! Sem saber que Thor é na verdade Jane Foster, Loki tenta barganhar com a mais nova detentora do martelo Mjolnir uma aliança temporária, mas o modo como o feiticeiro de muitas faces faz isso é no mínimo "violento"!"

Resenha Thor #2 (The Mighty Thor 3-4)

Confesso que estava na dúvida sobre comprar ou não este segundo volume da nova Deusa do Trovão por conta de dois motivos: sérias restrições orçamentárias e a recente polêmica da Marvel com as baixas vendas de suas revistas nos Estados Unidos, por conta de terem trocados personagem clássicos por novos personagens que seriam "minorias".

Não quero entrar neste assunto porque outros sites já o abordaram de forma bastante boa, melhor do que eu faria, e porque quero falar só desse quadrinho da nova Thor.

Não estava tão empolgado para pegar esse quadrinho, além dos motivos já citados, porque a história apesar de razoável, estava bem clichê. Briga entre reinos, brigas familiares, martelada para todos os lados... enfim, estava OK, mas com o orçamento curto temos que escolher bem as compras do mês.

Resolvi dar mais uma chance a essa HQ e não me arrependi. O roteiro é clichê sim, mas é um arroz com feijão bem feito. Nesse volume, vemos o primeiro encontro da nova Thor, Jane Foster, com o novo (?) Loki, que parece estar sofrendo de algum tipo de crise de identidade.

Além disso, continua se desenrolando a guerra entre os elfos negros, liderados pelo clássico vilão Malekith, e os elfos luminosos. Em Asgard, Freyja, mãe de Odinson (o Thor clássico, para quem não sabe este é o verdadeiro nome dele, "Thor" é uma espécie de título que aquele que empunha o Mjolnir recebe) e Loki, é julgada por Odin, o seu marido.

Essa guerras e tramas palacianas são bem interessantes e estão sendo bem conduzidas até aqui por Jason Aaron. A trama deixa o leitor curioso para saber como será o relacionamento de Loki com Thor, visto que ele não sabe que é Jane Foster por debaixo do elmo, a relação conturbada entre Jane e Odin, que a julga como uma usurpadora enquanto está tomado pela sua loucura (?) ou soberba desmedidas, uma iminente guerra civil em Asgard contra a tirania de Odin.

Some a isso tudo a curiosidade para saber como o futuro reaparecimento de Odinson impactará nessa trama e você  ficará fisgado por meses a fio lenda essa HQ. Não tenho mais dúvida, a nova Thor virou compra mensal certa!

Há de se destacar também a belíssima arte da dupla Russel Dauterman e Matthew Wilson, que está incrível. Destaque para o quadro com as múltiplas facetas de Loki, a face a face de Thor com a versão feminina de Loki e a sequência final da HQ, com o início do embate entre Thor e Odin.

Nota: 4/5

Veja também a resenha de Thor #1 (The Mighty Thor 1-2)

27/03/2017

[Resenha] Persépolis - Marjane Satrapi

Marjane Satrapi Persépolis Quadrinhos
Ficha Técnica
Editora: Quadrinhos na Cia
Número de páginas: 352
Ano de Publicação: 2007 (atualmente da décima oitava reimpressão)
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Marjane Satrapi, a autora e personagem principal desse livro, era uma menina muita parecida com qualquer outra que você conheceu durante a sua vida. Gostava de ir para o colégio brincar com os amigos, ouvia música pop e punk rock, gostava de tênis Adidas e jaquetas jeans. Isso até ela ser  obrigada a vestir o véu islâmico aos dez anos de idade.

Persépolis não é só uma autobiografia, é uma aula sobre o Irã e uma realidade muita distante da nossa. A história começa antes da revolução islâmica, quando o país vivia sob uma ditadura que tinha o apoio dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, nada muito diferente do que aconteceu na América do Sul e alguns países do Leste Europeu durante a Guerra Fria.

Durante esse período da ditadura, a família da Marjane vivia de forma bastante parecida com uma família brasileira de classe média da mesma época (final dos anos 70). Seus pais eram muito politizados e participavam de protestos contra a ditadura local. Ao custo muito grande de vidas perdidas, conseguiram tirar o ditador do poder, no entanto, acabaram colocando outra coisa pior no poder, a república islâmica.

Após a ascensão ao poder da República Islâmica, as meninas e meninos não podiam mais estudar juntos na mesma sala, a patrulha ideológica do partido vigiava as pessoas na rua, nenhuma mulher poderia sair sem véu e nem poderia estar acompanhada de um homem que não fosse de sua família ou o seu marido, música e roupas ocidentais passaram a ser proibidos. A ditadura anterior não parecia mais tão ruim assim.

Apesar do clima tenso, Persépolis tem uma narrativa leve e divertida em primeira pessoa. A leitura é viciante e te deixa preso querendo saber o que acontecerá a seguir na vida de Marjane, de sua família e do Irã.

Persépolis HQ
Não é?
Em resumo, a história se divide em três períodos: a infância, adolescência e vida adulta de Marjane, que são três fases bem distintas. Quando criança, ela sonhava em ser uma profeta e conversava com Deus. Ao tomar contato com a política, através de sua família, vai entendo o que se passa com o seu país. Depois de uma grande perda na família, ela briga com Deus e para de falar com ele e abandona o seu sonho de ser uma profeta.